Estrela Cadente - Parte 11


Estrela Cadente - A história de um breve sonho

Parte 11

Antes de mais desculpa, tudo aquilo que passamos foi muito lindo e adorei cada momento, tudo o que vivemos é poesia de um sonho que não consigo sonhar, algo que ultrapassa qualquer razão. Contudo, o “nós” jamais existirá. Não há volta possível, nunca te vou amar. Hoje, estas palavras vão-te custar tanto a ti como a mim, vão ser piores que facas afiadas e atiradas por um profissional de circo. Nunca te vou abrir o meu coração porque no fundo sei que não te vou amar, nunca te irei amar e duvido que algum dia ame alguém. Desculpa, mas esquece-me de uma vez por todas e a partir de hoje, faço parte do passado. Adeus.

[Mensagem enviada] [Entregue a: Sara]Kevin acaba de quebrar todos os códigos pessoais e morais, acaba de violar aquilo que um dia tinha prometido, magoar e ferir o coração de alguém. Acabou por fazer pior, estilhaçar três anos de uma história fantástica.
O que se repete desde o início é o facto de a dúvida que assola ambos os corações não pernoitar noutras paragens. Dorme com eles e a cada passo os consome mais.
Desde que ela se foi e apenas lhe deixou aquele bilhete pouco falaram. Tentaram entender o que fora aquilo e o que viveram. Perceber o que sentiam e se realmente se amavam. No caso de Kevin, se era capaz de amar.Contudo, apesar de ela sentir um aperto tão forte e nutrir um sentimento tão profundo por ele, envia-lhe mensagens que ele respondia um pouco de longe. Ela sentia-o distante e frio. Ele jamais conseguira lidar com a distância. Não é que não pudesse fazer nada, mas atormentava-se por não ter vontade em fazer alguma coisa.
A vontade que tinha em estar com ela era apenas carnal, apenas material. Já não havia aquele mundo belo e bonito, já não existiam príncipes nem princesas. Os mundos modernos cheios de confusões, carros e prédios viviam no coração daquele pobre rapaz que vivia mais perdido que um louco em busca de água nalgum deserto.Certo dia, entendeu que bastava. Não para ele, mas odiava o que estava a fazer. Sara não merecia toda aquela impaciência, todas as suas incertezas. Em suma, ela não o merecia. Entendendo isso ele enviou-lhe a mensagem mais cruel que se pode enviar a quem quer que seja. Ao menos foi franco e sincero. Ao menos encarou a realidade e preferiu não magoar mais. Iria magoar ao dizer tudo aquilo, mas sabia que um dia tudo iria ficar bem, como duas pessoas que viveram alegrias e as colocaram no passado.
Queria-se superar das suas emoções e queria ajudar Sara a encontrar um novo caminho também. Mas, pelo menos isso não lhe era permitido, não agora.
Discutiram e, no fim de tudo, ela acabou por aceitar.

A história acabava mesmo ali, a história terminava após anos de persistência e de fé. A fé que ela tinha morreu aos poucos, a fé que ela tinha em pensar que existiam pessoas diferentes morreu quando ele destruía o que restava do seu coração.
Nessa noite a lua chorou mágoas e entranhas. Nessa noite a raiva, a angústia e o ódio foram maiores que o terrorismo no mundo. Nessa noite ela jurava que nunca mais, mas nunca mais iria abrir o coração a ninguém tão facilmente.

“São tão imensamente grandes, tão paradoxalmente violentos certos amores, que atingem a expressão terrível do ódio.”
- Júlio Dantas –


Fotografia: Rodrigo Oliveira !! http://rodso-art.blogspot.com/

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