Estrela Cadente - Parte 4

Estrela Cadente - A história de um breve sonho

Parte 4

Chegou o dia. Quinta-feira e lá estava Kevin mais uma vez naquela estação. Desta vez não viu partir nem chegar comboios desenfreados com pessoas de caras desconhecidas. Desta vez ela veio.
Depois do jantar, o ar sério dela preocupou Kevin que lhe perguntou o que se passava.
- Não tenho certeza se me amas.
- Como assim? Fiz alguma coisa errada?
- Não, não fizeste. O problema é esse, não fizeste nada.
- Não estou a perceber. O que queres dizer com isso.
- Tu não me deixas realizada, não me sinto amada contigo, não sinto que sintas o mesmo que eu. Já não sei se é verdade ou mentira, já não sei se ainda se matem as promessas que fizeste e duvido das tuas palavras do passado.
Kevin engoliu em seco e ficou sem saber o que dizer. Por momentos, nem ele sabia a certeza das respostas. Ele era o primeiro a reconhecer isso, também não sabia se estava no caminho certo ou se tudo aquilo era apenas uma ilusão.
- Sabes, às vezes também me pergunto se isto é certo ou errado, às vezes sinto tanto a tua falta que não consigo aguentar parado, mas tem dias que sinto-me bem mesmo sem algo teu.
- Não me amas! – Levanta-se de rompante e vira-lhe as costas.
- Sara… - Segura-lhe o braço e ela vira-se para ele. – Não quer dizer que não goste de ti e que não te possa amar, podemos lutar juntos por isso.
Quase em lágrimas ele chega perto dela e beija-a como da primeira vez. Um leve calafrio percorreu a espinha dela e o calor dos corpos colidiu naquele instante. Esqueceram o mundo à sua volta e os beijos transformaram-se em carícias, roupa no chão, numa cama e dois corpos nus.
Fizeram amor e viveram uma noite mágica, ficaram juntos sem falar, apenas respirando e sentindo a breve sensação de que aquele era um momento perfeito. Tão solene e tão linear. Parecia que os momentos especiais das novelas e dos filmes existiam. Fazia parecer que a ficção também se tornava realidade. Na verdade, é ao contrário, a realidade pode-se tornar ficção mas o que é certo é que cada vez mais se vive a história dos outros.
No dia seguinte ela tinha de voltar. Kevin foi levá-la de volta a Coimbra-B para apanhar o seu comboio para o Porto.
Beijaram-se mais uma vez na despedida e aí apareceu aquele sorriso mágico.
- Prometes que vamos tentar isto juntos, que vamos tentar construir um nós.
- Sara, prometo tentar concertar as coisas e lutar por algo para nós.
Sara nada mais proferiu e seguiu naquele comboio. Kevin estava do lado de fora mesmo junto da janela, ela enviou-lhe um beijo e o comboio partiu.

“Amarmo-nos é lutar constantemente contra milhares de forças ocultas que brotam de nós mesmos ou do mundo”
- Jean Anouilh -

Fotografia: Rodrigo Oliveira !! http://rodso-art.blogspot.com/

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